O papel do narrador na construção de memória(s) e identidade(s) em Eu que nunca conheci os homens
O presente trabalho de conclusão de curso analisa o romance Eu que nunca conheci os homens (2021) da escritora e psicanalista belga Jacqueline Harpman, originalmente publicado em 1995. A obra aborda a história de quarenta mulheres – trinta e nove adultas e uma menina – que se encontram presas em uma jaula coletiva, dentro de um porão, sob a vigilância de guardas – todos homens – que permanecem sempre em silêncio, apenas fornecendo provisões básicas para sobrevivência. Um dia, inexplicavelmente, uma sirene toca e os guardas fogem, deixando as chaves na porta da jaula. A menina pega, abre a port... Mehr ...
Verfasser: | |
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Dokumenttyp: | Trabalho de conclusão de graduação |
Erscheinungsdatum: | 2024 |
Schlagwörter: | Harpman / Jacqueline / 1929- / Halbwachs / Maurice / 1877-1945 / Análise literária / Memória / Identidade / Literatura belga / Memory / Identity / Jacqueline Harpman / Belgian literature / Maurice Halbwachs |
Sprache: | Portuguese |
Permalink: | https://search.fid-benelux.de/Record/base-28878218 |
Datenquelle: | BASE; Originalkatalog |
Powered By: | BASE |
Link(s) : | http://hdl.handle.net/10183/278807 |
O presente trabalho de conclusão de curso analisa o romance Eu que nunca conheci os homens (2021) da escritora e psicanalista belga Jacqueline Harpman, originalmente publicado em 1995. A obra aborda a história de quarenta mulheres – trinta e nove adultas e uma menina – que se encontram presas em uma jaula coletiva, dentro de um porão, sob a vigilância de guardas – todos homens – que permanecem sempre em silêncio, apenas fornecendo provisões básicas para sobrevivência. Um dia, inexplicavelmente, uma sirene toca e os guardas fogem, deixando as chaves na porta da jaula. A menina pega, abre a porta e as liberta. Essa menina não nomeada, apenas apelidada de Pequena, foi criada dentro da jaula. Logo, vive sem ter memórias do mundo exterior, tendo como fonte de conhecimento somente as lembranças que as outras mulheres aceitam compartilhar. Após a fuga, ela e as companheiras rumam em busca de alguma civilização ou resposta em relação ao acontecido, mas encontram apenas um lugar inóspito e desconhecido. A história é narrada por essa personagem já idosa e adoecida que decide, no final de sua vida, narrar sua história e experiência que passou com essas mulheres. Dessa forma, a análise feita do romance apoia-se predominantemente nas ideias sobre memória propostas por Maurice Halbwachs em A memória coletiva (1990). O foco da pesquisa recai sobre as percepções da protagonista enquanto narradora respaldada pelo conceito de narrador de Walter Benjamin, a partir de sua obra Magia e Técnica, Arte e Política: Ensaios Sobre Literatura e História da Cultura (1987). Ao relacionar as impressões de Benjamin sobre narração com a teoria de Maurice Halbwachs sobre memória, busca-se identificar qual o papel que a narradora teve na construção das memórias, tanto sua individual quanto a coletiva do grupo. Ademais, é tratado sobre identidade e cultura à luz dos autores Cuche (1999), Hall (1997, 2006, 2014), Pollak (1992) e Silva (2014), pois todas as mulheres tinham uma vida já formada antes da jaula e, por conseguinte, sua própria ...